17 de ago. de 2014

Luz negra

Esse vento que grita, lá fora, se bem me soubesse falaria manso. Ah se esse vento que grita lá fora soubesse dos gritos em mim, de mim, para mim. Ele me sussurraria ao pé do ouvido. Eu voltei mais puro do céu na música, eu voltei mais duro do céu na vida. E esse medo? Tem fim ? A solidão não tem, e não adianta, não me tomem essa dor. A solidão impenetrável, indizível, feito poesia-quase-pronta, aqui dentro e o peito ora sol ora chuva ora coisa nenhuma tempo nenhum, sem danças. O álcool só me faz chorar, convidam-me a mudar o mundo, era só fazer pose e dançar, não era? E beber, e rir, e parecer agradável, feminina, atraente, sobretudo atraente. Mais nada, mais nada, mais fração nenhuma de lugar qualquer. Finja, finja, venda, diga, beba, fale, coma, deite, trepe, sofra, ligue, estude: Cresça. Não me toque, por favor, não me toque, eu tenho medo. E me toque, agora e me toque de novo, me provoque com igual verdade. É tudo tempo. É tudo quem. Não é. A solidão está aqui. Ela conversa comigo, me chama para dançar e eu não danço, por quê a minha aureola caiu e ninguém viu. Ninguém viu onde, e ninguém riu como pôde. A luz negra se esvaia entre as cortinas, ribalta nenhuma, também, eu não sei como é bom ser mulher, eu só sei ser. E ser também, assim também, é demais: também. Isso é rima, não é solução.

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