18 de abr. de 2013

Let it be

O frio do fio
Da faca 
Me afaga
O terror me afoga
Let it be
Monstros invisíveis
Afloram medos
Tangíveis
O ar é quase sólido
Contemplo quase plácida
Let it be
Lágrimas rastejam no meu rosto
Imundo e distorcido de dor, quase
Quase não sou capaz de me reconhecer no espelho
Quase quase me esqueço de como isso funciona
Quase perco a poesia pro medo
Nada que é humano me é indiferente
Mas agora tudo é diferente
Let it be

15 de abr. de 2013

Que poeira leve

Me desconheço
Como há palmas
Nas minhas mãos
Me reconheço
No silêncio de plena
Solidão.

12 de abr. de 2013

Gilda


Porque tu sabes que é de poesia minha vida secreta, tu sabes Dionísio que ao teu lado te amando antes de ser mulher sou inteira poeta e que o teu corpo existe porque o meu sempre existiu cantando, sempre existiu cantando, meu corpo Dionísio é que move o grande corpo meu. Ainda que tu me veja extrema e suplicante quando amanhece e me dizes Adeus.
Não ponha o nome de Gilda na sua filha, coitada, Se tem filha pra nascer Ou filha pra batizar. Minha mãe se chama Gilda, Não se casou com meu pai. Sempre lhe sobra desgraça, Não tem tempo de escolher. Também eu me chamo Gilda, E, pra dizer a verdade Sou pouco mais infeliz. Sou menos do que mulher, Sou uma mulher qualquer. Ando à-toa pelo mundo. em plena ressaca, um dia de monja, um dia de puta, um dia de Joplin, um dia de Tereza de Calcutá, um dia de merda enquanto seguro aquele maldito emprego de oito horas diárias para poder pagar essa poltrona de couro autêntic, nunca tive porra de ideal nenhum, só queria era salvar a minha ,veja só que coisa mais individualista, elitista, capitalista, só queria ser feliz, cara. Podia ter dado certo entre a gente, ou não, afinal você naquele tempo ainda não tinha se decidido a dar a bunda, nem eu a lamber buceta, ai que gracinha nossos livrinhos de Marx. não tenho nada contra qualquer coisa que soe a: uma tentativa. Eu não gosto do bom gosto, eu não gosto do bom senso, não gosto dos bons modos, não gosto. Eu gosto é dos que tem fome, dos que morrem de vontade, dos que secam de desejo, dos que ardem... Ah abelha rainha faz de mim um instrumento de teu prazer e de tua glória, pois se é noite de completa escuridão, provo o favo do teu mel, cravo a direta claridade do céu e afago o sol com a mão. 

Passivité, Passion, Passé, Pas

Emudecer a fala
Revela a vala da emoção
Emudecer a fala 
Fala com apuro a intenção
Calar a norma, mudar a regra
Subverte a dureza do Não
Produz ecos e Sims
e sinais
E sinestesia
Os silêncios sonoros
Cheiravam a catarse e 
Tinham gosto de Poesia. 






















Desdobramento de Gilda

Sou hoje outra. E mais uma. Sou duas de uma mesma Gilda, e sou ainda Dionísio para quem canta Ariana. Sou a decadência plena, e a própria tentativa, sou o que há de mais próprio e inominável de mim, rótulos me esvaziam enquanto eu mesma me transbordo, aponto e pontuo o desejo. Meus dedos são insuficientes para contar o que acontece, sou mais. Sempre mais. Hoje estou assim assado, primaveras nos dentes e nos ossos. Hoje estou assim puro gozo. Hoje estou assim, Abelha Rainha e o próprio Mel.

6 de abr. de 2013

Amora



Razão não é possível
Para dizer o indizível
O amor que                            é Indelével
Me sorri e                                  é afável
Quando a                AMAR                     vejo inefável
Sinto ânsia                  NÃO                   impossível
Contornando              CABE                   o invisível
De falar o que                 MAIS               não alcanço 
E desde já          ESTÁ ALÉM               não conheço
Porque quando penso o apreço
O texto se faz solúvel.















Dois anos e sete meses de epifania. Quando penso que sei o que é o amor, e que estou num lugar seguro sobre isso que é amar você, você me devora. E eu te """amo """ ainda mais. Mas amor aqui não cabe, é qualquer coisa além mar, além amor. Qualquer coisa com a nossa cara, qualquer coisa que é e não é para mais ninguém além de nós. E não faz o menor sentido fora da gente, mas para a gente faz todo o sentido do mundo. 

Raiar de erguer

I

Somos      Porque
Morremos
Quando não somos,
                            Por medo de morrer                                                                                                     Estamos
Ainda sendo
                                                                                                                                               Pelo d  e  s  v  i  o >


II

O meu querer
Prenuncia
Meu ser


III

Vir a ser
Virar ser
Devir
Já ter sido
Tecido o ser,
Virá-lo.
Ou não sê-lo.


IV

SER
COM
SER
IN
OU
AINDA
SER
NÃO
SER
NÃO
É
QUESTÃO
SER
É,

V

Eu podia ter sido
Poeta
ou
Puta
Decidi ser Psicóloga.
Poeta e Puta
Pela fuga.

VI

Sinto que sou
Minto que sei
Penso que estou
Nunca saberei








Pois no instante que sei, sou e já não fui.

Picolé de Chuchu ;

Fria e Indigesta !