24 de fev. de 2024

Aniversário de Sobriedade

 E eu preciso de coragem pra viver fazendo as pazes...Ou quase. Se me der guerra eu quero mais, o tempo fecha eu tô de pé, chamando temporais, viciada em caos, na beira do cais. Banquete animado à um bando de animais... Black Alien


Estou num quarto cercada de livros. Muitos eu nunca li, porque trabalhar 40 horas semanais drena  minha energia vital. Admiro quem consegue trabalhar muito e ter uma vida: ler, malhar, ouvir música, ver beleza nas coisas. Eu quando trabalho muito não vejo sentido em nada. Cumpro a função social feliz de atestar minhas vitórias por meio do dinheiro imaginário, tenho coisas, pago financiamentos, ando bem vestida e tomada banho, tem sido o melhor que consigo fazer, equilibrando a mediocridade da ficção de ser uma mulher de classe média limpinha com as minhas marginalidades todas. Fumo maconha, chupo buceta, acordo de ressaca e repito. Ressaca de tudo que eu não vivi ainda. Falei pros meus amigos que ando meio niilista, mas realmente não acho que o problema seja eu. Vários deles também estão assim: sedentos de uma oportunidade de prazer que viabilize a nossa existência e dê contornos para ela, sem abrir mão da ficção da mediocridade: vencer pelo trabalho: HAHAHA. Não é um jogo de ganhar ou perder, é um jogo de perder e perder. Vendo minha força de trabalho à um preço justo, mas nunca é o bastante. Esse ambiente insalubre da vida propicia vícios, arroubos e afetações. Fico me perguntando se sou eu que estou maluca ou a marginalidade tomou mesmo conta de mim. Quando eu vivia no mundo, acreditando que sendo parte de um coletivo de luta eu estaria dando minha preciosa contribuição para a mudança que parecia crível, eu vivia melhor. quando eu acreditava eu vivia melhor. Tinha uma motivação intrínseca, tinha uma razão de ser. Eu sou essencialista para caralho, sempre penso e me ressinto da ausência de essência, quero ver as marcas da essência e me digladio com a aleatoriedade da existência, parece vazio assim.  Pelo menos brigando para existir eu sinto que faço algo, trago a angústia, cuspo fumaça nos transeuntes, transgrido leis, marco corpos. E só. Acordo para a ausência dos antidepressivos, durmo para as razões do deprimir. Se eu faço tudo que o jogo pede, porque não sinto a alegria que me prometeram? Sonho liberdades quando me permito, mas são frágeis e curtas as escapadas. Choco de propósito, absolutamente consciente, os que vivem como eu, ainda assim me acovardo na burocracia do que " deve ser feito" também tem um teatro de intenções canastronas aqui. 

Picolé de Chuchu ;

Fria e Indigesta !