26 de ago. de 2014

Onde a vida é de sonhar: Li ber da de...

Você que me enfeita os sonhos, 
Mal toco seus espaços, 
Não sei, saber não é do meu feitio,
[ E talvez não seja causo de saber-te] 
Sei que lhe chamarei Liberdade.
Poderia lhe chamar Desejo, 
Sei que viria até mim, 
Embora pouco saiba da sua órbita, 
Sei que te quero Liberdade,
E querer assim é maior que o Desejo. 

21 de ago. de 2014

Aos amigos e aos caminhos nem sempre dourados,

Olhando para as luzes apagadas na vizinhança, sinto inveja dos silêncios e saudades dos amigos. Sinto inveja de quem não precisa dividir a inquietação com os amigos e as taças de vinho, e os copos e as rodas e as doses. Sinto inveja de quem é silencioso por fora, e de quem ainda tem fé. Meu modus operandi tem sido a raiva, a raiva da dor, a raiva da injustiça, a raiva da raiva. Não quero sentir raiva, mas não me sei ser branda. Tenho arranjado pessoas boas, se volto pra casa sozinha é por que escolho assim. Prefiro esses, os amigos tortos, que me chamam pelo nome ou não, que me precisam e que me prescindem, prefiro o som dos seus sorrisos à mortífera solidão do silêncio de tudo que ficou por dizer e por fazer e por viver e... E calo, pois não fumo. Não sei fumar, e calo, pois não sei chorar. E calo, dura, calos ferem, calar fere. Meus amigos quando me dão a mão me dão o mundo. Meus amigos são todos quebrados, eu também sou e reconheço-me neles, desamassa aqui, desamassa ali pra ficar bom, meus bonecos de lata de vulnerabilíssimo coração. Esse fulgor de vida, essa inquietação, esse desafio ao que se mostra, que isso não nos perca.

17 de ago. de 2014

Luz negra

Esse vento que grita, lá fora, se bem me soubesse falaria manso. Ah se esse vento que grita lá fora soubesse dos gritos em mim, de mim, para mim. Ele me sussurraria ao pé do ouvido. Eu voltei mais puro do céu na música, eu voltei mais duro do céu na vida. E esse medo? Tem fim ? A solidão não tem, e não adianta, não me tomem essa dor. A solidão impenetrável, indizível, feito poesia-quase-pronta, aqui dentro e o peito ora sol ora chuva ora coisa nenhuma tempo nenhum, sem danças. O álcool só me faz chorar, convidam-me a mudar o mundo, era só fazer pose e dançar, não era? E beber, e rir, e parecer agradável, feminina, atraente, sobretudo atraente. Mais nada, mais nada, mais fração nenhuma de lugar qualquer. Finja, finja, venda, diga, beba, fale, coma, deite, trepe, sofra, ligue, estude: Cresça. Não me toque, por favor, não me toque, eu tenho medo. E me toque, agora e me toque de novo, me provoque com igual verdade. É tudo tempo. É tudo quem. Não é. A solidão está aqui. Ela conversa comigo, me chama para dançar e eu não danço, por quê a minha aureola caiu e ninguém viu. Ninguém viu onde, e ninguém riu como pôde. A luz negra se esvaia entre as cortinas, ribalta nenhuma, também, eu não sei como é bom ser mulher, eu só sei ser. E ser também, assim também, é demais: também. Isso é rima, não é solução.

Picolé de Chuchu ;

Fria e Indigesta !