17 de set. de 2010

Covardia

Sempre fui covarde.
Ainda que essa palavra me dê calafrios.
Sempre fui de sorrisos amarelos e lágrimas, nunca de briga.
Sou dessas pessoas que se acovardam e fogem, correm com toda a força e não pagam para ver.Gosto daquele prazer obscuro da corrida próspera, gosto de como o mundo parece diferente quando você corre, como as cores ficam borradas e como o vento bate no seu rosto e seca os lábios dando uma falsa impressão de liberdade que se desfaz assim que você para.
Quando você para, e sente a culpa latente em cada célula.
E culpa fede.
E não importa quantas vezes você tome banho, escove os dentes ou lave os cabelos.
Aquele fedor ocre de coisa morta que vem de dentro, que aperta o peito, que dói o estômago e que provoca aqueles calafrios e aquelas dores de cabeça que não tem fim.
Dor de cabeça é mal de gente covarde.
Mas passa, Anador não ri, não pensa, não mete medo. Anador eu encaro de frente, engulo ! E fica tudo bem. Vou tapeando aqui e ali, machucando pessoas que não me amedrotam, aquelas que mesmo feridas voltarão. Fingindo ser alguém forte, firme.
Sendo uma farsa.
E como toda farsa, até convenço algumas pessoas.
A questão é: até quando ?

10 de set. de 2010

Te ganhar ou perder sem engano

Tinha umas mãos assim frágeis, assim leves, mãos de tocar e sentir.
E como se desacostumada ao toque, minha pele ardia em brasas . Ignorando meu aviso complementar, ainda me tocava. Nunca me ouvia, mas não disse para parar outra vez, nem me afastei. Decidi que gostava das suas mãos. E ainda mais, gostava do seu toque.
Nunca me respondia nada concreto, por isso eu ia semeando mini-dores para que pelo menos nos seus ais houvessem alento. Mesmo que antes que cada Ai, silenciasse como quem ameniza a reação, mesmo que mesmo os ais fossem pensados e saíssem naquele tom frio e com aquele sorrisinhode escárnio.
Não consigo mais me concentrar em nada, concluo. Você está em tudo o que eu faço. E nesse silêncio cheio de descobertas. Devia estar cega todo esse tempo, que não te vi brilhando.

Para ler ouvindo : Amor meu grande amor - Angela Rô Rô.

7 de set. de 2010

Turbilhão

Não tem nome. Tem cheiro, tem cor, tem forma, tem sangue e por isso rubor, mas não tem nome. Tem gosto.
Eu te vejo andando, eu conto seus passos, eu quero te pegar no colo, quero que seja meu mundo. Eu quero te guiar pelo labirinto a fora, eu quero te tirar daqui, eu quero te levar para um lugar bonito, onde? Tem um inominável nó na minha garganta, outro na minha cabeça, e agora eu parei de fumar, como eu vou amainar qualquer coisa longe de você. Eu quero verdades, certezas, eu não sei.
Mente e coração,
Mente que sente, mas
Somente diga
Somente sinta
Somente pinte
Você já coloriu meu mundo.

Picolé de Chuchu ;

Fria e Indigesta !