A morte espreita na quebrada
Vem marchando ensaiada
Sob a pisa dos gambé.
Vem de coturno, maltratada
Mal paga, esfarrapada,
Muito dente, pouco pé,
Feito cachorro raivoso.
metido num balé doloso
Dança com os moleques pretos
A valsa morte de todos os guetos
E não há grito de dor algum
Ou fuga
Tudo é lugar comum
O cotidiano refuga
A democracia deliberada
Olha aí o meu guri
Mais um guri morto na vala
Mais um guri de que não se fala
A quem não se anuncia
Um guri cuja a sentença vida
Está nas mãos de quem policia.
A morte espreita na quebrada, chega de viatura
Vem calada.
A morte espreita na quebrada
E depois dela o nada.
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