9 de mai. de 2010

Eu preciso dizer que te amo.



Ela está cada vez mais esquisita! - sussurra uma voz feminina estridente e fanhosa ao ouvido de um feioso qualquer, que como todo feioso é um despeitado covarde.
Mas é uma vaidosa, detestável! Quem ela pensa que é ? Só quer aparecer. -Ele responde com aquele ar afeminado crítico, mais alto do que sua maldade pretendia. Falta de classe. Não me contenho, nunca me contenho. Sinto um ímpeto de raiva subir-me pela garganta, penso em dizer-lhes mil coisas, dizer como eu estava enlouquecendo, ou como eu tinha nojo daqueles olhares inquisitivos em cima de mim, ou mesmo que eu não ligava para eles, que eu só queria viver. Não disse nada além de um " O que é ? " que nem ríspido foi, também não fiquei para esperar a resposta .
Não posso ser assim, não posso ser cruel, não posso, eu não sou igual a eles, EU NÃO QUERO!
Também sou covarde afinal.
Sigo os demais, ainda estava fantasiada de qualquer coisa que não era eu. Não ligo, estava perdida em pensamentos, olhos baixos, pareceria frágil, se não parecesse tanto com alguém que fui outrora. Senti os braços acolhedores do meu herói me envolverem, sorri. Não estou sozinha .
Eu te amo, sabia ? - Pensei, e não disse, disse entretanto uma frase sem qualquer valor sentimental, para nós, claro - Estou cansada.
Senti seus olhos verdes me furarem, buscando qualquer coisa além disso. Tenho me lamentado tanto ultimamente ...
Silêncio.
Ele parou, eu continuei andando, lembrei de uma conversa anterior e uma bebedeira de outrora, lembrei dele me dizendo como se sentia, como sentia o mundo. Não posso afundar, não quero ficar no escuro outra vez. Nos encontramos outra vez, sorri, mesmo sem vontade não sabia ser rude com ele, na verdade, não conseguia.
O esquadrinhei com os olhos, estava mais bonito...era forte. Mais do que eu sonharia.
Eu te amo ! - Disse num grito e o abracei, como sempre abraçava, todos os dias, daquele jeito quase maternal, quase como uma amante desesperada - que eu sou, afinal - só para vê-lo fingir o sufocamento - meu bebê! - e reclamar da minha falta de tato e depois, depois dizer para mim, sorrindo com os olhos, quase agradecido :
- Eu também te amo.

Em que momento eu coloquei a minha sanidade nas suas mãos ?

Para Luan Buriti Borges.

2 comentários:

  1. Esse texto pareceu muito um fragmento de um livro. @_@ E está lindo... Acho que você deveria continuar.

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Picolé de Chuchu ;

Fria e Indigesta !