10 de mar. de 2024

Já me fiz a guerra por não saber (me leva amor),

Não tinha mais como voltar àquele bar, as incursões na vida noturna e o glamour dos velhos tempos esvaneceram. Tinha agora uma vida fora da noite, um emprego honesto, seus silêncios e uma necessidade de sono que colocou os sapatos vermelhos de lado. Era um outro desdobramento de Adalgiza, de Gilda, de qualquer mulher. Mas ainda com algum apreço pelos líquidos amarelos para lubrificar os pactos sociais de silêncio da noite nas agruras do dia. Ainda tinha a lembrança do vermelho nos lábios, mas agora ouvia Beth Carvalho no domingo e preparava um lombo para a família, resignada nas transgressões, mas nunca no afeto. O tempero nos dedos enfeitava as unhas bem feitas, havia alguma vaidade, ainda. Mas os pés descalços, tocavam um chão sem sonhos. A realidade abaixo dos pés anuncia o calor dos dias, a necessidade de limpeza da casa, as cheganças que fazem festa na dor. 

 Vim de longe léguas cantando eu vim (me leva amor)/Vou, não faço tréguas sou mesmo assim

(Por onde for quero ser seu par)


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