13 de mai. de 2015

Você não sabe o quanto ser mulher é bom

O cheiro ácido de urina misturada ao sangue escorria pelas pernas e inundava os olhos, como não podia gritar, gemia contra o travesseiro e confidenciava sua dor, na pele as marcas que ninguém viu inauguravam a dor que ninguém notou. Ficou amargo sorrir, sua buceta sangrou 7 dias, o tempo de Deus fazer o mundo, desfez tudo que havia nela. Nunca mais pôde se recuperar da dor. O nó na garganta as pernas trêmulas a gagueira, tinha medo dele, tinha medo de ser estuprada de novo.

Você não sabe o quanto ser mulher é bom.

A pele negra nunca disfarçou as marcas roxas, gostava de pensar nelas como a arte do amor, sabia que ele a amava, que nunca ia deixar-lhe e dia sim, dia não isso a amedrontava, mas o amor dói, dizem os poetas, o amor dói e ponto. Cinco pontos no supercílio. Ele não queria me atingir... Foi sem querer, escorreguei e bati o rosto na maçaneta da porta, doutor!

Você não sabe o quanto ser mulher é bom!

Entre os olhos podia contar a luz dos postes na rua, Pensava em contas de multiplicar, tinha acabado de aprender. Enquanto as mãos dele passeavam pelo meu corpo. Eu continuei fingindo que estava dormindo, porque eu nunca senti tanto medo, intimamente eu sabia que aquilo era errado e por isso mesmo sabia que era minha culpa, minha máxima culpa, eu devia ter gritado. Mãe ele é tarado. Não fale sobre isso.

Você não sabe o quanto ser mulher é bom?


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