3 de mar. de 2025

A minha boca e a tua vão deixando pela rua,

 “Palavras de silêncios que jamais se encontrarão” 

Podíamos passar horas falando sobre absolutamente qualquer coisa, você costumava rir de verdade dos meus gostos estranhos por pedaços de músicas e todas as esquisitices de depois, lembra quando você ficou fissurada em Pablo e “na casa ao lado”?. A gente se conhecia tanto e há tanto tempo. Pensei que poderíamos ser várias e estaríamos ali. Acho que tudo aqui brilha diferente e encantado e que o rastro metafísico dessa cidade é mesmo diferente, você diria que passarinhos voam no nenhum, eu diria que ninguém segura o vento, mas o equilíbrio das coisas que se dissiparam é frágil e as vezes a dor de um amor perdido se espalha estranha no corpo, uma espécie diferem de dor que vem, quando você se depara com a perda, com o que não é. Queria te dizer que tudo bem, tudo em paz e que eu respeito a nossa história e que sua contribuição na minha vida é ainda tudo que costumava ser e todas essas coisas polidas que a gente diz quando encontra com alguém que já significou muito e agora não mais. Tenho que me lembrar nessa hora da alegria que você me ensinou. De como honrar as coisas bonitas do passado. Mas eu sou água e as vezes sentir é uma enxurrada, se eu tento segurar o pé d’água, tremo inteira. As vezes é diferente da terça feira gorda do Caio onde de um encontro feliz saímos confrontadas com tudo que os outros são, não acaba nos chutes, começa neles na medida do confronto com “tudo que a gente não é mais” e termina nas benfeitorias dos encontros, no corpo de gente sendo gente, no cheiro de gente e na purpurina que se espalha pelo ar, termina que a gente também pôde ser gente, nas movimentações do desejo pra fora, pra longe, pra nos sorrisos de depois, será que você sabe qual silêncio machucou mais depois de tanto tempo? Eu não sei exatamente em que ponto aquela dor me tocou, mas era um pouco de água e esperança também. Não foi você, fui eu. Aquela da Elza com a Liniker. Acho que você deve ter gostado, não sei, não te conheço mais. Acho que foi golpe baixo do destino, ou uma lembrança de que amor também vira motivo de raiva ou rima. Bobas e boas, aliás, as coisas que eu penso sobre você. Carrego o registro carinhoso do possível, senão eu sufoco e do impossível que se desenha na roda com novos passos, te desejo tudo de bonito, que haja muita vida pra nós. Axé axé axé. 


P.S: tava tocando “Fora da Ordem” de Caetano, quais as chances ? “Fora da nova ordem mundial”

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