26 de jan. de 2013

A outra

Eu ouvi o que disseram, quando disseram que eu merecia o coração partido que você me ofertava. Partido e repartido, me senti julgada, humilhada, exposta, nua. Me senti meio Ana Carolina, elevando a dor, também. A dor que eu metralhei em todas as direções, porque eu sou forte e sou por acaso, e precisava depositar o chumbo da mágoa.Quando eu te vi em outros braços, meu mundo se fez em pedaços e todas as teorias de conspiração fizeram sentido.O mundo estava sendo tomado pelos soviéticos e cairia uma bomba x, y, z ou começaria ali um apocalipse zumbi, porque eu me julgava importante demais, especial demais e única demais, mas eu não sou, e qualquer tragédia seria mais bonita do que descobrir que tudo que eu acredito também pode ser relativo, que as pessoas e os beijos são outros, como foram outros para você e que isso também não mudava nada. E eu preferiria perder meu cérebro para o zumbi, porque é mais fácil lidar com isso do que desconstruir o alto muro da mono-estrito-gamia pretensiosa que nos cerca. E pagar o alto preço dessa descoberta contra ortodoxa de que não somos únicos para ninguém e que também não nos pertencemos. E continuar vivendo um relacionamento, um amor, um caso. Não porque eu tenho que vivê-lo, não porque é assim que eu devo vivê-lo, mas porque é assim que eu tenho vivido, é assim que é para mim. E me faz bem vivê-lo dessa forma, onde não sou nem és. Somos.

Um comentário:

  1. Este texto me marcou profundamente. Obg por aquele dia que conversamos! :)

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Picolé de Chuchu ;

Fria e Indigesta !