6 de jul. de 2012

Éramos nós

Um nó na garganta é angústia, um nó no pescoço é gravata. Nó na garganta ninguém vê, só vêem a sua gravata , embora ambos sufoquem. Assim são as coisas minhas, me interessa o que você leva na garganta, os medos, as angústias, os dizeres, a gargalhada e me interessa ainda todo o resto, o de fora é só paisagem. Paisagem diz sem dizer. É livro inteiro, unha roída, cara bichada, é ressaca, medo, roupa mal passada por uma noite mal dormida. O que se leva fora diz de si, e o dentro comunica a si e o fora.
Há ainda mais. Não sou de extremos, não sou dessas pessoas intimidadas pelo que é medíocre, todavia. Vejo o mundo em inteiros! Nada de ou dentro ou fora. Não sei ser uma coisa ou outra, oito ou oitenta, sou tudo!Oito e oitenta, então se tenho braço de abraço e boca de sorriso também tenho mãos de tapas e boca de gritos. Basta que você esteja lá em tempo de tapa ou sorriso. Sabendo que todo tempo é esse, e todo esse único.Me parece inatingível a pretensão de ser ou uma coisa e outra, se posso ser a coisa toda, coisa e outra. Com óculos de coisa e outra vejo tudo que é o humano, e nada me é indiferente. Tudo e nada é o mesmo um.

                                                                                                                                                                        Um nó na gravata, é nada.                                                                                                                                      Um nó na garganta é tudo.

Dois nós e nenhum nó, só os "eus" feito nós.  

Um comentário:

Picolé de Chuchu ;

Fria e Indigesta !