[Para ler ouvindo]
Estava escolhendo limão, para fazer uma torta, a música no fundo melodiosa dizia que a gente que escolhe sorrir, ri, era escárnio, não graça, e que a gente escolhe chorar. Onde já se viu, escolher riso ou pranto feito se escolhe...limão!Aquele cheiro de hortifrúti mamão manga laranja lima limão maçã me botavam enjoada como o diabo, mal sentia além da música e a voz meio chorosa da Vanessa da Mata, há certa hora do dia em que mal sinto as minhas extremidades, ando como alguém que fumou um baseado, eu? Fumei não! Nunquinha meu senhor! Como poderia saber? Então, parecia que flutuava entre as prateleiras coloridas, e aquelas vozes femininas e toda aquela paz, toda aquela naturalidade naquele varejeiro mil vezes no cartão batata alface feijão, já não havia música, nem vozes, nem mercado, era eu e eu e eu e eu. Ondas de mim invadiam tudo e derrubavam tudo e nada mais fazia sentido algum. Até que uma velha voz me3 chamou pelo nome e a velha cefaleia, o velho cansaço nas pernas, a dor de coluna, Oi? Vamos sim. Para onde? Para o caixa, é claro. É claro. É claro.
Não é.
10 de mai. de 2014
8 de mai. de 2014
Flor de Laís
Fito a Ela e
Ali, L(a)is, bela,
Me devolve um olhar.
Fita no cabelo dela,
Faz o mundo
Re-decorar.
Cora quando sentinela,
Sente dela o perfumar,
Linda flor, flor amarela,
Lá está o meu olhar.
Posa de bossa e jazz
E rock e cor e luz
Se tudo Laís tivesse
Quando tudo ela quisesse
Talvez fosse menos Blues.
26 de mar. de 2014
Do Quereres
Sete ondas depois
Amor, Amor, Amor
Amor, Amor, Amor,
Amor. Peço.
Sete anos depois:
Amor, Amor, Amor, Amor,
Amor, Amor,
Amor! Pinto:
Na minha boca o seu sorriso.
9 de mar. de 2014
Correspondências póstumas
Você me viu dançando na rua e achou lindo, depois nos vimos naquela festa que nunca acabou e por último naquele bar, você e a rádio nacional. Aquele bar era o mesmo bar que eu ia todos os sábados em busca de...você. E te encontrar foi sempre um estar-comigo e estar-sem-mim e me abandonar porque eu podia, porque você me seguraria e tudo virou você. Seus grandes olhos castanhos, da cor de todas as minhas tempestades posteriores, e as coisas que eu falava e as coisas que eu mentia e as coisas que eu calava e quando você ria, eu amava seu sorriso. Seu sorriso mudava meu dia, todo dia e me dava motivo para sorrir também porque era maravilhoso ver você sorrindo. Todos os dentes e aquela cicatriz e as covinhas quando largo, uma só quando cínica. Você me fazia brilhar, e eu brilhava porque seus olhos me refletiam. Você sempre foi a alma do negócio, todo mundo comentava o quanto eu fui virando alguém melhor, as pessoas se orgulhavam de mim e eu era amada quase como figura ilustre e você estava lá, sempre. Você esteve lá desde o início do tempo e não sairá de lá quando tudo acabar, como naquela música de Chico que costumava amar enquanto nos tocávamos, ou tocar enquanto nos amávamos. Você odiava as minhas músicas pretensiosas e a minha suposta erudição. Acho que todo mundo sabia, ou sabe e intui que você era meu ponto fraco. Quantas brigas eu não comprei ? Com Deus e o mundo. Mesmo. E nunca me arrependi. é difícil sem você, é verdade. Tem dias que eu penso em desistir e canso de me aprender e percebo que longe do seu olhar eu que era tão altiva dentro dos meus sapatos vermelhos, tão mais Gilda, pareço muito mais com a arrogante e pretensiosa Alanie, aprendo a ser e re-ser, como naquele trecho de Caio Fernando que amávamos: Remar. Re-amar. Amar. Ou quem era assim era Gilda, desde sempre? Me transfundo e de repente sou toda a coisa e coisa nenhuma. E também me gosto assim, me gosto nessa bagunça. "Eu preciso andar um caminho só, vou buscar alguém que eu não sei quem sou" . Estou grávida de mim, e não quero me abortar, assim. Como é que chamam a gravidez? Estado interessante, acho. Estou assim, quero dá a luz a mim, mas sei que isso nunca seria possível sem você. Você me conhece melhor que ninguém, sempre quis ser mãe solteira, Freud explica, dizem... Eu ouço sobre o Amor e me calo.Eu não quero nem saber o que me espera, eu acelero e tomo um gole do que não conheço... E meu primeiro porre será um mistério imenso!
Eu te escrevo e te conto o que eu vi e me mostro de lá pra você, guarde um sonho bom pra mim.
Com Todo amor que houver nessa vida,
With ARMS wide open,
ARMS.
28 de nov. de 2013
Fel
Tudo que eu te dei foi mais fundo que esse seu oceano triste
Te dei toda poesia e os sons que você amou
Te dei a mão todas as vezes
E ainda te daria fosse tempo
De dar o que não se tem
Posso te oferecer um chá e bolinhos envenenados
Com o que você fez do nosso laço
Você não é a mesma Alice,
que me jurou amor eterno.
Você é um pedaço do seu eterno
Looping de promessas desfeitas.
Assim não há amor possível.
E pra cada decepção que me oferece na ponta do seu punhal
Enquanto morro
Te ofereço esse vazio
O frio inexistir
sem o seu socorro.
Gilda morreu, fim.
17 de nov. de 2013
Good day, sunshine.
O amarelo brilhante do meu velho quarto o cheiro de livros e doces e poeiras as coisas coloridas todas dispostas iluminando o amarelo absorvendo a luz compondo a poesia dos muitos finais de semana a primeira solidão concreta em muito tempo. O café antes do baba, as rugas a minha raiva que não tem cura e meus pesadelos os antigos e os novos. A poesia de uma manhã de domingo na companhia da minha Gal e a saudade de uma velha amiga e de uma nova me invadindo junto com o cheiro de café. Talvez seja por ter tomado indutores do sono e ter dormido pela primeira vez em quinze dias talvez por recuperar o velho hábito da leitura perdido nas psicologias muitas talvez por estar só no quarto domingo de manhã ou por sentir saudade de você. Talvez porque ainda há no que acreditar hoje eu acordei amarelo vibrante igual as paredes do meu velho quarto. Que embora vibrem sabem não sair do lugar e estar no meu mundo todo.
Faz de conta que ainda é cedo,,,,,,,,,,,
11 de nov. de 2013
O pouco que sobrou
Primeiro perdeu um
E não doeu àquela altura
Depois outro
Que feriu feito ouriço
E deu febre
Depois mais um
Pelas costas,
Enquanto dormia.
Depois, quando pensou que não mais perdia
A vida lhe disse, perda nunca é ganho
E lá se foi mais um.
Agora os que ficaram também estão indo embora
de avião, carro ou bolsa.
Todos se vão.
28 de out. de 2013
Tudo quer buscar. Cadê ?
Estava às margens de si, e à guiza de qualquer explicação. Estava em qualquer lugar e não queria nem isso, nem aquilo, queria o nada, o turbulento nada. Tudo estava desmoronando, o sol já havia se posto, os amigos despostos, depostos, indispostos. Os sorrisos desfeitos, a a pacata vidinha no interior de si morrera, não estava em paz com a própria dúvida, nem com a própria guerra, o conflito estava ali de novo, nem as roupas, nem os lenços, nem os brincos, bolsas ou sapatos, queria correr nua no mundo, numa estrada de chão, queria ser criança e comer o barro, encontrar o barro, ser criatriz, criatura, criação, queria e queria e nem sabia ao certo o que queria. A bagunça dentro e a bagunça fora, a bagunça pestilenta que a empurrava para precipícios e princípios. Queria tudo.
21 de out. de 2013
Sempre.
Não sorria, nem sempre por falta de motivos, mas por falta de dentes. Ouvia desde nova que preto se avalia pelos dentes, tinha 12 sobrinhos e ajudava a cunhada a cuidar deles. Em dias de chuva bolo e café preto, preto feito a sua pele e amargo como todo o resto. Não tinha desejo, nem amante, nem grandes aspirações, seu noivo também preto a largou no altar, a única vez na vida que vestiu branco, que sentiu-se branca, seu noivo lhe deixou a sós com o mundo e com a multidão, foi morte, sabe? O policial também preto entrou na casa dele e o matou, porque ele devia a um branco. Disseram que ele era ladrão, mas não. Nunca tivera um filho, só os 12 da cunhada, e as doze lamentações e no meio desses doze uma pretinha terna, seu amor. A chamava de Sempre, essa sorria com gosto mesmo quando não devia, apanhava do pai, coitada, alcoólatra e ainda ria, riso solto e pra cada gargalhada mais um tapa, e Sempre ria, e corria para o colo dela que querendo rir para Sempre não podia e calava, minguava, por falta de dente.
12 de out. de 2013
Pronde foi?
Pronde foi a minha fé,
meus ventos,
minha sorte
Pronde foi meu norte,
meus amigos,
minha corte?
Pronde foi a paciência,
a sensatez,
o medo da morte?
Pronde foi meu café,
meu dia ensolarado,
minha paz,
Pronde foi, meu bem,
você que não lembra mais,
você que me deixou, sem dó, pra trás
Pronde foi meus irmãos,
minha manha,
Pronde foi,
que sobra tanta falta...
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