Você me viu dançando na rua e achou lindo, depois nos vimos naquela festa que nunca acabou e por último naquele bar, você e a rádio nacional. Aquele bar era o mesmo bar que eu ia todos os sábados em busca de...você. E te encontrar foi sempre um estar-comigo e estar-sem-mim e me abandonar porque eu podia, porque você me seguraria e tudo virou você. Seus grandes olhos castanhos, da cor de todas as minhas tempestades posteriores, e as coisas que eu falava e as coisas que eu mentia e as coisas que eu calava e quando você ria, eu amava seu sorriso. Seu sorriso mudava meu dia, todo dia e me dava motivo para sorrir também porque era maravilhoso ver você sorrindo. Todos os dentes e aquela cicatriz e as covinhas quando largo, uma só quando cínica. Você me fazia brilhar, e eu brilhava porque seus olhos me refletiam. Você sempre foi a alma do negócio, todo mundo comentava o quanto eu fui virando alguém melhor, as pessoas se orgulhavam de mim e eu era amada quase como figura ilustre e você estava lá, sempre. Você esteve lá desde o início do tempo e não sairá de lá quando tudo acabar, como naquela música de Chico que costumava amar enquanto nos tocávamos, ou tocar enquanto nos amávamos. Você odiava as minhas músicas pretensiosas e a minha suposta erudição. Acho que todo mundo sabia, ou sabe e intui que você era meu ponto fraco. Quantas brigas eu não comprei ? Com Deus e o mundo. Mesmo. E nunca me arrependi. é difícil sem você, é verdade. Tem dias que eu penso em desistir e canso de me aprender e percebo que longe do seu olhar eu que era tão altiva dentro dos meus sapatos vermelhos, tão mais Gilda, pareço muito mais com a arrogante e pretensiosa Alanie, aprendo a ser e re-ser, como naquele trecho de Caio Fernando que amávamos: Remar. Re-amar. Amar. Ou quem era assim era Gilda, desde sempre? Me transfundo e de repente sou toda a coisa e coisa nenhuma. E também me gosto assim, me gosto nessa bagunça.
"Eu preciso andar um caminho só, vou buscar alguém que eu não sei quem sou" . Estou grávida de mim, e não quero me abortar, assim. Como é que chamam a gravidez? Estado interessante, acho. Estou assim, quero dá a luz a mim, mas sei que isso nunca seria possível sem você. Você me conhece melhor que ninguém, sempre quis ser mãe solteira, Freud explica, dizem...
Eu ouço sobre o Amor e me calo.
Eu não quero nem saber o que me espera, eu acelero e tomo um gole do que não conheço... E meu primeiro porre será um mistério imenso!
Eu te escrevo e te conto o que eu vi e me mostro de lá pra você, guarde um sonho bom pra mim.
Com Todo amor que houver nessa vida,
With ARMS wide open,
ARMS.
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