Era uma vez uma menina muito silenciosa com muitas ideias na cabeça, as ideias tecendo um fio de palavras intermináveis e rodopiando tantas palavras e pessoas dentro que a angústia de pertencer era maior que a vontade de ficar. A solidão como um refúgio das palavras, uma alternativa deliberada, algo que a gente encontra nesses dias metendo a cara no celular. Qualquer joguinho, novela, poética aleatória, música. Não sei explicar como rapidamente tudo me invade, o mundo me invade e chega até mim como barulhos distintos, vozes, me pego gritando sem querer gritar, falando sem querer falar, tentando exorcizar pela boca meu espanto do tanto de mundo que cabe em mim. Cuspo mundo, na tentativa vã de colocar para fora palavras e silêncios que jamais se encontrarão. Mas é muito duro saber que essa menina não é a única. São pelo menos umas 10 em cada 10 lutando. Parece demais? Cada uma com uma coisa. Uma margem uma sombra um assombro algo que me captura no outro e a sensação de estar sempre me despedaçando. Capturar o fantástico de cada coisa, a poesia secreta dos momentos, guardar o silêncio o mistério e o segredo ver o que de bonito a vida tem para dar. Transar bem todas ondas do céu a papai Oxalá pertence, licença Leminski as vezes é preciso acreditar mais que isso.
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