27 de mai. de 2025

Home is wherever I'm with you

 Tinha aquela garota que eu conheci na escola, a história dela era de arrepiar. Ela era a mais ousada entre nós, foi ali a primeira vez que vi alguém que realmente tinha borboletas na cabeça, ali tão perto ela traçava um plano infalível, tinha rock da decada de oitenta e toca a deselegância pequeno burguesa de sonhos de cercas brancas, eu não a culpo, naquele momento todas nós éramos um pouco assim, mas ela se atrevia sempre a pensar fora da cerca, bem mais longe do que a gente, ela queria desbravar um mundo inteiro, ir à lugares, conhecer pessoas, se preparou a vida toda para falar. Iria viver fugindo, uma andarilha, dona de todos os rumos, sem depender de ninguém sozinha e em paz, mais sozinha do que em paz. Desde esse dia ela decidiu que ela andaria por aí com uma bolsa grande e nela haveria tudo que era necessário para fugir a qualquer instante, era e é a maior hedonista, boa vivân que eu jamais conheci, experimentava tudo, queria beber a vida todinha quando não a queria queimar inteira num fogo só. a maior sede do mundo junto com a maior necessidade do mundo de correr, as vezes é porque o caminho dela era o trânsito, por sua existência de passarinho um dia uma gaiola a encontrou, queria tanto fugir, que como o Nemo se perdeu na própria fuga, caminhos vão e vem e caminhos tortos escreveram no céu sob a fumaça a história de mundos que só nós duas conhecemos e desbravamos, coisas que compartilhamos e que nunca foram iguais, mas em algum momento por sorte ou destino se encontraram e aí alguma coisa de amiga ficou comigo quando o passarinho ficou além da fuga e às vezes, num dia bonito de sol ela vem me visitar e coloca uma margarida na minha fossa. Sei que já fui uma canção estridente de pássaro no galho daquela árvore que ficava perto da sua janela, mas são assim as mulheres pássaros - insuperáveis. Deitam até nas costas das baleias e dançam com elas o agradável balé do percurso que agora pode se estender aqui, não além mar, as vezes o caminho é in, não out mesmo. Tem gente que é casa mesmo. 

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