Não dançava vulgarmente, como se poderia supor, nem era ballet clássico, tendo ares de louca.
Dançava bolero.
Dançava bolero.
E dançava sozinha.
Há muito Gilda não sabia o que era dançar junto, mesmo quando junto, estava sozinha. Era sabido que nascera para a solidão, sendo dela filha única. Espiou por um momento por sobre o ombro, avistou o mesmo rapaz Johnny, o mesmo Johnny da biblioteca, eram tantos Johnnys e tantas Gildas que considerou por um momento antes de render-se e com um maneio de mão e dos lábios rubros chamá-lo para dançar.
Não sorriu, nem disse "Oi", apenas estendeu a mão e pontuou, esclarecendo o que não pertencia a claridade:
- Estou esperando meu príncipe. - Hesitou, por um instante e tendo as mãos do moço Johnny nas suas, pôs-se outra vez a dançar, com ele.
Agoram eram dois no contraste da realidade, eram dois e não uma só, eram dois, eram um alívio. Eram três, no por fim. Eram três porque o pudor alheio não os abandonara, eram três e Gildas eram mil, bem como Johnnys, quantos eram afinal ?
Sem palavras.
ResponderExcluirEu sou sua fã *_* II
ResponderExcluirMuito bom, dá pra sentir o cheiro da biblioteca (sinestesia)!
ResponderExcluirQue lindo.
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