25 de jul. de 2024

Por ser de lá na certa por isso mesmo,

 Doutor, sou eu de novo, lembra de mim? Parece importante que você lembre. Lembrar é uma coisa mesmo muito engraçada. Eu me lembro que eu te disse que quando eu ouvia música estava sendo música mesmo e você achou graça, porque para você música é sempre música, porque você ouve os louvores chulos e se identifica com isso, eu me sinto caber em lugares mais complexos que isso. Então, eu tenho sentido coisas novas. Não novas inaugurais, novas com uma memória indistinta de ter visto, o senhor já sentiu isso? Uma paz de espírito no caos ? Na mais ampla bagunça a sensação firme de vento na cara em um dia de sol no meio do mar? Aquela sensação que é sempre novavelha de nunca ter sentido e já ter sentido, porque afinal já ventou na minha cara em algum momento, mas também nunca senti o vento como tenho sentido agora. Agora não é sempre e não é nunca. Agora é agora. Então estou sentindo o agora completamente. Tenho sentido tanto o agora que agora eu sei de coisas de mim que antes ignorei de tal forma que para mim, antes, não existiam. Voltei a sentir o gosto da vida. Novovelho. Acho que o senhor não deve sentir, ou talvez sinta, mas não se permita acreditar que sente que é um jeito de se fingir que não existe, mesmo que constatar a inexistência só seja possível se de alguma forma tiver existindo. A imaginação cria as coisas, e posso viver assistindo, mas doutor eu acho que prefiro viver vivendo. 

14 de jul. de 2024

Abre a porta e a janela,

E vem ver o sol nascer.  

Manhãs com gosto de café, o sorriso cantado pelos Novos Baianos, a fumaça do incenso e do cigarro, a demora nas pausas, o excesso das pausas, o perfume das flores novinhas compradas hoje na feira. Ora, você sabia que com 50 reais e um pouco de boa vontade é possível produzir no mínimo três arranjos e presentear os vermelhos, roxos e amarelos desses jarrinhos por toda a casa, até quem sabe presentear as pessoas amadas?!E esse ventinho frio de julho, que sopras as folhas ressecadas no quintal, verde por todo lado, seja no limo das paredes surradas pelas chuvas, seja na grama que cresce abundante. Também tem passarinhos brincando aqui e acolá e mosquitos até, mas o bastante para não perturbar a paz. A Baby do Brasil tem mesmo um sotaque bonito, não é ? A preguiça dos corpos que se esticam no sofá, o calor das mantas e o cheiro que é de amaciante, mas também cachorro, uma moto que corta o silêncio repleto de sons. O silêncio em mim. Quando eu paro e consigo captar o bom do presente.  

Picolé de Chuchu ;

Fria e Indigesta !